Titanic: Ele ainda sobrevive em nossos corações

Making Off do Titanic

Inaugurando minha estadia aqui no Liga Nerd, trago para vocês um filme mundialmente aclamado: Titanic. Sei que muitos já devem estar cansados de ver e ouvir sobre o navio que nunca afundaria, como também de escutar a música “My Heart Will Go On” da Celine Dion, mas devemos aceitar que tudo foi um marco na história do cinema e até hoje é referência dentre várias obras cinematográficas.

Era 15 de abril de 1912, uma madrugada fria, o grande navio Titanic afundava no meio do oceano Atlântico. Uma história verdadeira sobre riqueza e pobreza, luxo e ganância, concentrada em um mesmo lugar. Tudo isso se tornou mundialmente conhecido graças à obra prima de James Cameron, “Titanic” de 1997.

Por incrível que pareça, James Cameron não era fanático pela história do navio que nunca afundaria. Em 1985, quando o grupo “Woods Holle” encontrou os destroços do navio, o diretor acompanhou a descoberta e ficou encantando com a tecnologia usada em explorações do fundo do mar. Em sua casa, enquanto assistia “Só Deus por Testemunha”, uma das primeiras adaptações de Titanic para o cinema, Cameron percebeu o quanto épico foram os acontecimentos envolvendo a tragédia, desconsiderando a ficção, pois aquilo realmente havia acontecido. Ele logo enxergou uma oportunidade.

“Tem uma oportunidade aqui de contar uma história com desfecho no presente sobre a exploração e a nova tecnologia que nos levará de volta no tempo”.

(CAMERON, 2012, Reflexões sobre Titanic).

Acreditando que o melhor jeito de contar àquela história, era com uma história de amor, Cameron não escreveu nada, simplesmente se encontrou com os executivos da 20th Century Fox portando o livro de Ken Marschall, “Ann Illustrated History of Titanic”, e mostrou uma imagem onde a tragédia representava algo bonito, épico e trágico, e disse: “Romeu e Julieta nesse navio”. Bingo, ficaram fascinados. Assim nasceu o vencedor de 11 prêmios Oscar e a 2ª maior bilheteria de todos os tempos.

A sintonia do trabalho de direção de arte com a visão de James Cameron sobre a tragédia tornou Titanic um épico cultural e trágico. Apesar de se sustentar em um conceito de história de amor clichê, e um final que todo o público já sabia, Titanic ainda continuava sendo algo lindo e interessante de se ver em tela. A atuação da equipe de atores, a preocupação em retratar fielmente o cenário típico de 1912 e o perfeccionismo de Cameron, que dirigiu, roteirizou, editou e produziu, completaram-se com a grandiosidade de uma empreitada de milhões, que simplesmente deu certo e encantou várias pessoas do mundo todo.

Titanic foi desde o começo uma produção diferente e ambiciosa. As cenas que mostram os destroços do navio no fundo do mar são verdadeiras, filmadas pelo próprio James Cameron a bordo de um submarino. Foi construída quase uma réplica do navio para filmagens externas e internas, e até os objetos de porcelana usados no cenário tinham o símbolo da White Star Line (companhia de navios que construiu o Titanic). É perceptível a tentativa de Cameron e de toda a produção de fazer o público entrar literalmente dentro do navio e acompanhar Jack e Rose naquela viagem.

Kate Winslet e Leonardo Di Caprio foram chaves essenciais para o funcionamento do filme, a química dos dois atores fez com que o romance das duas personagens se tornasse real ao ponto de nos importarmos com o destino dos dois. Os atores coadjuvantes, alguns interpretando figuras reais, não estão ali somente para completar o elenco, mas sim para contar suas histórias particulares e envolver um arco de personagens fielmente desenvolvidos.

É claro que alguns erros de continuidade e deslizes da produção aparecendo no fundo da cena acontecem, mas quando vemos o plano aberto do navio, aquela grande máquina luxuosa, rachando o mar ao meio e vindo em direção da tela, nos encontramos de novo com o sentimento de refletir sobre toda aquela magnitude e sua fragilidade.

O erro de todas as adaptações da tragédia até o filme de Cameron, foi não mostrar o Titanic em sua grandiosidade e virtude antes da grande queda. James Cameron faz isso com louvor, tanto que mesmo nas cenas do naufrágio, Titanic ainda é uma obra prima, um colosso deitando para seu repouso.

O filme em si, o trabalho de James Cameron e toda a sua equipe, Titanic, é como a Mona Lisa de Leonardo DaVinci, uma obra prima que irá atravessar séculos e gerações e ainda sobreviver em nossos corações.

 

“Eu sou o rei do mundo”

(CAMERON, Oscar 1998)